PAPA FRANCISCO

17/01/2021

LUMEM FIDEI

Carta Encíclica Lumen Fidei (A Luz da Fé) do Papa Francisco

A fé e a sua relação com os homens de hoje

Você já deve ter notado que nos meses anteriores falamos sobre as encíclicas do Papa Francisco. Nesta edição vamos voltar em 29 de junho de 2013, data de lançamento, e falaremos da primeira encíclica escrita pelo atual Papa, 'Lumen Fidei' (A luz da Fé), na qual Francisco recolhe reflexões de Bento XVI, seu antecessor.

A fé, enquanto ligada à conversão, é o contrário da idolatria: é separação dos ídolos para voltar ao Deus vivo, através de um encontro pessoal. Acreditar significa confiar-se a um amor misericordioso que sempre acolhe e perdoa, que sustenta e guia a existência, que se mostra poderoso na sua capacidade de endireitar os desvios da nossa história. LF 13

PASCOM MATRIZ DE SANTO ANDRÉ - SP
POR LUÍS EDUARDO RODRIGUES DE SANTO ANDRÉ - SP

Seu objetivo desta encíclica é contribuir para se "recuperar o caráter de luz que é próprio da fé" (LF 4). Nela o Pontífice escreve sobre o tema da fé e a sua relação com os homens de hoje.

"A luz da fé é a expressão com que a tradição da Igreja designou o grande dom trazido por Jesus. Eis como Ele Se nos apre­senta, no Evangelho de João: Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas (Jo 12, 46). E São Paulo expri­me-se nestes termos: Porque o Deus que disse: "das trevas brilhe a luz", foi quem brilhou nos nossos corações (2 Cor 4, 6)." Com essas palavras inicia-se a primeira das três cartas encíclicas escritas pelo papa Francisco até o momento.

A encíclica centra a sua temática na fé e conclui uma trilogia de seu antecessor, o Papa Bento XVI, que já havia escrito sobre a esperança e a caridade, as outras virtudes teologais, nas encíclicas Deus Caritas Est, Spe Salvi e Caritas in Veritate.

Em Resumo: "aquele que crê jamais está sozinho, porque a fé é um bem comum que ajuda a edificar as nossas sociedades, dando-lhes esperança."

A encíclica 'Lumen Fidei' é dividida em quatro capítulos, aos quais se acrescenta uma introdução e uma conclusão. Conclui com uma oração à Virgem Maria, que é apresentada como um modelo de fé pelo seu "sim" ao chamado de Deus. (Lucas 1:38).

Este documento reafirma de modo novo a fé em Jesus Cristo como um bem para todos, considerando as circunstâncias atuais de nossa época, como onde o pluralismo religioso, a secularização, a laicidade, o sincretismo e a crise das religiões influenciam o depósito da Fé. A questão que se reflete é o que significa ter fé nos dias em que impera o individualismo, especialmente no que diz respeito à vivência da dimensão comunitária da fé. A encíclica Lumen Fidei representa uma luz para os católicos na vivência da sua fé, que é uma decisão que envolve toda a profundeza de sua existência.

O documento nos coloca a questão a ser enfrentada pela Igreja: "a fé acabou sendo associada com a escuridão" (LF 3). Na introdução da carta encíclica, nos é apresentado que nossa cultura é herdeira da compreensão moderna de que a fé deve ceder espaço à razão: a primeira é encarada como desnecessária para os nossos tempos, pois impede o homem de cultivar a segunda. Ou ainda, a fé pode até ser mantida, mas numa perspectiva individual para explicar aquilo que a ciência não consegue ainda ou para aquecer os corações e consolar as pessoas. Segundo esta visão moderna, a fé não pode mais propor um discurso sério para a sociedade atual. De fato, na nossa cultura, a fé tem sido associada com uma visão ingênua do mundo, que deve ser superada por uma visão crítica. Como a Igreja, então, pode apresentar a fé como experiência de iluminação do homem e da sociedade diante de um contexto que a considera como um obscurecimento das potencialidades humanas e sociais?

Jesus é a testemunha crível da fé. Através dele, Deus atua realmente na história. Mediante a fé, confiamos em Jesus, perito nas coisas divinas.

A fé, sem a verdade, não salva, diz o Pontífice, mas permanece como uma linda fábula, sobretudo hoje, em que se passa por uma crise da verdade, porque acreditamos somente na tecnologia ou nas verdades de uma pessoa, porque tememos o fanatismo e preferimos o relativismo.

É importante também a ligação entre "acreditar e construir" o bem comum, escreve o Papa: a fé reconfirma os vínculos entre os homens e se coloca a serviço da justiça, do direito e da paz. Ela não nos distancia do mundo, pelo contrário, se a eliminarmos das nossas cidades, permaneceremos unidos apenas pelo temor e por meros interesses.

Crer, ao invés, ilumina a família, fundada no matrimônio entre o homem e a mulher; ilumina o mundo dos jovens, que desejam uma vida superior; ilumina a natureza e nos ajuda a respeitá-la, para "encontrar modelos de desenvolvimento, que não se baseiam somente na utilidade ou no lucro, mas consideram a criação como dom".

Por fim, na sua carta encíclica "Luz da fé", o Santo Padre exorta: "Não deixemos roubar a nossa esperança; não permitamos que ela seja inutilizada por soluções e propostas imediatas, que bloqueiam o nosso caminho rumo a Deus".

Para ler a encíclica "Lumen Fidei", acesse o site oficial da Santa Sé: https://www.vatican.va/content/vatican/pt.html